23 fevereiro 2009

Rápida pincelada sobre universo do filme


O Auto da Camisinha acontece na fictícia Juatama, pacata e pitoresca cidade do interior cearense, prestes a se transformar em Patrimônio Folclórico da Humanidade. Título essencial para garantir seu desenvolvimento econômico, político, sócio e cultural. Logo, a cidade inteira está disposta a mover céus e terras para obter o referido título, custe o que custar.

Juatama mantêm seus costumes e tradições, preserva com orgulho suas manifestações populares (aquelas de raiz); Tem hábitos – às vezes conservadores - mas nem por isso deixou de acompanhar a evolução do tempo. Mesmo com comportamentos, costumes e indumentárias que nos remete aos anos 60 e 70, iremos observar na população e personagens que compõe a Comitiva da cidade elementos da contemporaneidade como uso do telefone celular, por exemplo. Juatama é a tradução de como o antigo e o moderno podem conviver em harmonia, afirmando que os opostos se completam. 

Ansiosa Juatama se prepara para a chegada de Quarto Besouro, responsável direto pelo veredicto final que terminará se a cidade tem condições ou não de receber o título de Patrimônio Folclórico da Humanidade. 

Para chegada do “Grande Homem”, a população leva às ruas suas mais variadas manifestações folclóricas, para convencer Quarto Besouro que o título é merecido. Bumba-meu-boi, pastoril, reisado, maracatu, quadrinha junina, pernas-de-pau, bonecos gigantes, cantadores, vaqueiros, palhaços, artistas de rua e circo, se misturam, se confundem entre personagens e multidão formando um autentico caleidoscópio, expressão genuína de nossa Identidade Cultural. 

Achando que este mar de manifestações artísticas não causaria impressão a Quarto Besouro, temerosos na verdade - Prefeito, Juiz, Padre, Comerciantes, Delegado, Ex-Misses - os poderosos de Juatama digamos assim, se reúnem e tramam a favor de que a Diretora da Cia. de Teatro de Juatama, Lionor, a mais bela e a mais formosa de todas as Juatamenses, entregue a chave da Cidade a Quarto Besouro e o seduza com seu charme.  

Besouro é recebido pela população e autoridades como todas as loas. Sua chegada é digna dos grandes reis. Ao entrar na cidade é ovacionado, aclamado pelo povo.   

O encontro com Lionor sai melhor do que o tramado. Quarto Besouro – ao receber de suas mãos a chave da cidade, se encanta, se apaixona, esquece seu mau humor. Seus olhos brilham de paixão. Amor a primeira vista. A recíproca e verdadeira. Lionor se ver também encantada pelo charme e elegância do visitante. O Amor é lindo. Os dois se sentem apaixonados. Vontade de beijar igual às cenas dos clássicos filmes americanos. Um beijo que nunca acaba. 

Depois de receber a chave da cidade e outras homenagem, Quarto Besouro é conduzido pelo Prefeito e sua comitiva a tenda de um circo. Durante o percurso se dá pela ausência de Lionor. Procura-a entre a multidão, em vão. Um certo  ar de tristeza domina seu semblante. No circo se apresenta uma Quadrilha Junina que tem como casamento a apresentação da peça “O Auto da Camisinha”. Para surpresa e alegria de Quarto Besouro a atriz do espetáculo é a própria Lionor. Ao vê-la em cena, fica de queixo caído, visivelmente perturbado, ao ponto de se imaginar contracenando com ela em alguns momentos da peça, sobretudo os mais picantes. Não se contem e demonstra ciúmes ao ver Lionor quase se beijando com o ator que faz Benedito, o personagem do espetáculo. A peça se desenrola e vez por outra Besouro tem picantes delírios com Lionor. Tudo fruto de sua imaginação. 

Passagem de tempo. Juatama conquista o título de Patrimônio Folclórico da Humanidade. A cidade comemora. Dias antes de natal um grupo de reisado faz festa em frente à igreja enquanto espera o casamento de Quarto Besouro e Lionor. Uma Mãe de Santo faz oferenda pra Oxum e abençoa a Noiva. Um homem urra igual um jumento. Dois pernas-de-pau exibem orgulhosos uma faixa, onde vemos inscrito: Juatama, é Patrimônio Folclórico da Humanidade. 

Igreja lotada. Povo saindo pelos cotovelos. Noivo ansioso. Lionor, exuberante, caminha em direção ao altar. Padre celebra o matrimônio. O casório se consume. Os dois se olham. Um longo beijo enche toda a tela. O Padrinho deixa escapar: - e a camisinha, ó!  Quarto Besouro e Lionor usaram a camisinha e foram felizes para sempre. É o que se comenta em Juatama.  

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